16 março, 2009

Faro - San Remo - faro.......... continuação-5


Durante as paragens comparávamos o piso dos pneus das duas vespas para ver qual dos dois tinha ido mais longe na inclinação a curvar. Constatávamos que ambas tinham usado todo o piso disponivel até ao seu limite. Esse facto, que nos dava um certo gozo, confesso, tirava-nos também o argumento para continuarmos a discussão de qual de nós se inclinava mais quando em curva.
-Mais que isto, só mesmo o Mamola - disse o Paulo. Mais uma vez gargalhada até doer a barriga.
Uma dessas paragens que fizemos foi para nos refrescarmos numa fonte junto á berma. Mergulhámos a cabeça completamente na água e deixámos que as gotas frescas nos escorressem pescoço a baixo entrando pela gola das camisolas, o que nos dava uma verdadeira e agradável sensação de alivio depois de horas a fio a rolar debaixo do imperdoavel sol andaluz. Dali, conseguia-se já vislumbrar por entre os vales a linha azul do mar no horizonte e sentir a sua brisa fresca. As casinhas do estilo mediterrânico que pintalgam a encosta da serra até ao sopé formam pequenos aglomerados e dão um ar muito pitoresco e caracteristico a toda aquela região.
Finalmente San Pedro de Alcantara, Marbella a seguir, ai seria o final do nosso primeiro dia "on the road". Parados nos semáforos há entrada cidade, açionei a embraiagem para engrenar a 1ª velocidade á passagem para a luz verde e senti um estalido da respéctiva manéte. O cabo de embraiagem estava a partir-se e eram já visiveis os filamentos resultantes do desfiamento.
Passagem para a 2ª velocidade e fiquei sem o comando da embraiagem, o cabo tinha acabado de entregar a alma ao criador, ainda por cima no melhor sitio possivel, no meio do trânsito de Marbella. O Paulo apercebendo-se de que algo no meu binómio não estava bem, encostou no passeio á minha frente.
-o que é que se passa? - perguntou.
-acabei de ficar sem embraiagem, o cabo partiu-se junto á manéte.
-Boa. Fica aqui enquanto vou procurar hotel, tenta trocar o cabo até eu voltar.
E arrancou numa nuvem de fumo desaparecendo por entre o tráfego de hora de ponta da cidade.
Ali fiquei eu a tentar mentalizar-me para o que tinha que fazer.
Tirar toda a carga de cima da moto, apanhar as ferramentas, começar a desmontar a manéte, depois teria que literalmente deitar a moto no chão para poder ter açesso ao bloqueador do cabo junto ao embolo da embraiagem que fica por debaixo do motor, começar então a retira-lo puxando-o cuidadosamente com um pequeno alicate sem contudo fazer com que a respectiva "bixa"(tubo fininho em aço espiralado revestido a plástico e que encaminha todos os cabos que atravessam o chassis da vespa de ponta a ponta) viesse atrás o que seria uma verdadeira desgraça dada a minha manifesta falta de jeito para a mecânica, e voltar a refazer toda a operação inversa para colocar o novo cabo. Não parecia dificil, mas que ia dar algum trabalho, há isso ia.
Já mais mentalizado, que remédio, iniciei a operação.

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