09 junho, 2010

05 junho, 2010

04 junho, 2010

30 maio, 2010

01 abril, 2010

Faro - San remo - Faro...................continuação 16


Apróximou-se e parou um pouco mais á frente. Senti-lhe, quando passou por mim uma certa crispação na cara, pousou a mota no descanso e enquanto tirava o capacete disse-me que tinha que vir mais devagar por causa do problema do travão traseiro. Eu pedi-lhe desculpa e argumentei com o facto de não ter conseguido resistir ao chamamento do alcatrão, curvas e paisagem a puxarem-me pela adrenalina que ainda foi alguma, de qualquer forma pareceu-me ter ficado um pouco chateado comigo. A questão passados cinco minutos estava sanada, batemos mais umas fotos, responde-mos com gestos de adeus a pessoal que passava nos carros e até em motos e
arrancámos para não parar mais até Barcelona. Entrámos nas suas avenidas largas por volta da seis e meia da tarde, depois de passar todas aquelas encruzilhadas de vias rápidas.
"Centro ciudad" era rumo.
A primeira coisa que fiz foi tirar o capacete tal como toda a gente que andava em motas e o Paulo fez o mesmo de seguida. Naquela altura em Espanha a lei era permissiva nesse aspecto, mas apenas dentro das localidades ou pelo menos a policia não chateava, e como é boa a sensação dos cabelos ao vento. No fundo e se tiver-mos um pouco de bom senso, todos nós sabemos do risco de uma queda numa situação do género e do que pode acontecer á moleirinha de uma pessoa, enfim riscos que corremos, ainda bem que não aconteceu nada, ali....
O centro de Barcelona são as Ramblas, de certa maneira fazem-me lembrar o jardim do centro Queluz onde morei embora num tamanho a quadriplicar comparativamente, e foi ai que chegamos eram mais ou menos sete da tarde, corremos as ruas paralelas para cima e para baixo devagarinho a observar o espéctaculo da movida no passeio central e não mais que isto, tinhamos ainda que procurar parque de campismo, fora o combinado já previamente para este dia devido á rápida delapidação da nossa bolsa de viagem á medida que o tempo ia passando.
Ficámos num parque em L'hospitalete perto do aeroporto, e assim que chegámos foi montar a tenda e ir ao super-mercado comprar o nesseçário para o jantar, de seguida tomar um bom banho de água quente.
O jantar prolongou-se até a garrafa de vinho acabar, depois apareceu a de medronho, uma tampinha para cada um e passado um quarto de hora estavamos os dois a cantar o fado dentro da tenda e a rir nos intervalos até que adormece-mos com o cansaço.
Acordei com os primeiros raios de sol a aquecer e iluminar a nossa tenda.

19 março, 2010

Faro - San remo - Faro...................continuação 15


A "perna" de Valência a Barcelona decorreu sem sobressaltos de maior, o meu cabo de embraiagem resistiu mais um dia sem sinais de querer ceder. O facto de o usar o minimo possivel e apenas em caso de ultima necessidade contribuiu em muito para o alongar da sua esperança de vida util, no caso do Paulo, foi apenas manter uma condução prudente e atenta, dando um certo espaço entre mim e ele, suficiente para poder parar em segurança caso fosse necessário.
Albuixech, Castelló de la Plana, Penhiscola foram ficando para trás e estamos agora já bem dentro da provincia da Catalunha. Em todas as povoações sobressai a bandeira amarela e rubra ás listas horizontais intercaladas que a representam. Engraçado é o dialecto catatalão que apesar da distancia parece-me assemelhar-se mais em algumas palavras ao nosso português de Portugal que ao castelhano da Espanha, ainda hoje mantenho as minhas dúvidas de como por exemplo um galego consegue entender o que diz um andaluz ou vise-versa e isto para não falar dos catalães e muito menos dos bascos, ai mais vale tentar compreender um chinês, o que seria seguramente mais fácil ou melhor ainda, fazer um curso de mimica intensivo, ou não fosse a linguagem gestual um universo.
Em L'ampolla parámos para combustivel e super-mercado por cerca de meia-hora, eu aproveitei para "espertar" um pouco a mola do meu banco que vinha com a porca de afinação um tanto quanto solta fazendo-o molejar em demasia e tornando a posição de condução algo desconfortável. A diferença foi abismal, a partir daí, as dores nos rins que já me incomodavam há algum tempo obrigando-me a mudar de posiçao de condução por imensas vezes, estavam agora a desaparecer, o banco ficou mais riginho e portanto mais confortável.
Passá-mos Tarragona por volta das quatro e meia da tarde e ainda nos faltavam apróximademente uns 90km para chegar á grande cidade da cultura Ibérica, até aqui a viagem faz-se perante uma paisagem muito bonita, numa estrada de falésia sobranceira ao mar, sinuosa mas de bom piso, a fazer-nos lembrar o troço de Sevilha até Marbella. Por momentos esqueci-me que vinha com o Paulo e começei a dar-lhe mais "gáz" e a pilotar ao invez de conduzir. Em alguns declives mais longos o ponteiro do conta kilometros ultrapassava a indicação dos 120km/h e quase encostava ao batente do inicio (0km/h), o barulho do motor passou do ruido normal das explosões para um zumbido continuo, tal era a quantidade de rotações por minuto, quem disser que uma vespa não dá pica de conduzir é porque não sabe do que fala, garanto-vos.
Quando me lembrei do Paulo e olhei para trás para tentar ver onde vinha, nada, nem sinais. Encostei á berma acendi um cigarrito e esperei, esperei, esperei............ até que, lá apareceu o Paulo no seu ritmo inalteravel dos 60kms/h.

03 março, 2010

Faro - San remo - Faro...................continuação 14


A boa disposição é sempre uma boa forma de se começar o dia e o inicío deste não podia ter sido mais auspiçioso, no entanto...
Parámos para o primeiro reabastecimento de combustivel pouco depois de termos entrado na Autovia v-21, povoação de Massalfassar, ai existem também umas pequenas praias com pontões a fazer lembrar os da Costa de Caparica e inacreditável, ondas. Ondas com um tamanho razoável (1metro, 1,5metro), e a rebentarem a partir de um pico central a cada uma delas para os dois lados formando um tubo perfeito num mar do tipo "glass", isto tudo sem ninguém na água. Meus amigos, aquela imagem ficou-me gravada na memória para que um dia que ali pásse numa surf treep ou algo do género a possa repetir nas mesmas condições mas agora comigo e uma prancha para compor o ramalhete.
Entretanto na bomba de gasolina o ritual do abastecimento. Como tinha-mos retirado os bancos dos penduras das duas vespas por troca por um excelente espaço de carga e uma vez que não leváva-mos ninguém, havia que desviar essa mesma carga para aceder ao bocal do depósito de combustivel. Para tal e no meu caso, isso obrigava-me a, sempre que reabastecia, ter que tirar todos os elástico que seguravam aquela amálgama que era a mochila o saco-cama e a tenda e voltar a repor tudo como estava após o abastecimento e por forma a não ir perdendo carga pelo caminho. No caso do Paulo era um pouco mais fácil, isto porque ele tinha conseguido colocar todos os haveres dentro de um daqueles sacos de depósito para mota e que ficam fixos apenas com uma fita ajustavel e "imans", parecia que tinha sido criado de propósito para aquela Vespa. O normal era, quando ele estivésse a terminar o seu próprio abastecimento eu estar pronto para começar o meu e assim poupáva-mos tempo. Havia também que não esquecer de se deixar um pouco de espaço no depósito para o que ainda se ia adicionar de óleo 2t e assim salvaguardar o desperdicio que seria o derramar de combustivel e/ou o trabalho que dava depois limpar a vespa daquele liquido cor de rosa gordoroso.
Prontos para arrancar para mais 150km de tirada até nova paragem.

08 fevereiro, 2010

Faro - San remo - Faro...................continuação 13


Durante toda a noite senti o movimento de carros á volta de nós mas nem por isso me preocupei em tirar a cabeça de fora do saco-cama para tentar vislumbrar alguma coisa e saber o que se passava. Tentei dormir o melhor possivel a pesar de tudo, o Paulo fez o mesmo.
Sete da manhã e fui forçado a acordar com a intensidade da luz do sol que já tinha mais de meia hora de aparecer no horizonte. Olhei á volta e incrédulo, vi que estávamos práticamente no meio de um parque de estacionamento improvisado ao pé da areia da praia, muitos eram os rodados marcados no chão por todo o lado, fiquei pasmado com a sorte que tivemos em ninguém nos ter passado por cima sem querer, ficámos com a idéia que aquela era uma praia muito concorrida durante a noite por casais a namorar em carros e sabe-se lá que mais.
O nosso pequeno almoço foram baguetes de pão barradas com latinhas de doçe de laranja e pacotinhos de leite com chocolate, um luxo, do tipo pequeno almoço continental, a seguir foi vestir o fato de banho, ir a correr para a água e mergulhar, ficámos foi um bocado salgados e com o desconforto que isso provoca, apenas uma questão de hábito, de resto, soube muito bem aquele banho de mar matinal. Arrumá-mos o material em cima das motos em dez minutos, depois, pôr estas máquinas infernais a bombar é sempre uma emoção, gasolina aberta, fechar o interruptor de ar do carborador puxando o manipulo para fora, abrir ligeiramente o punho do acelerador, desligar luzes, confirmar na manete das mudanças a posição de ponto morto (muito importante) e "quicada". As primeiras explosões abafadas na panela de escape são como música para os meus ouvidos, imediatamente empurro o embolo do ar para dentro abrindo assim mais circulação ao ar e empobrecendo a mistura gasosa no carborador, agora sim, a rotação baixa um pouco e as batidas dos motores das duas vespas a trabalhar ao mesmo tempo em sintonia são uma verdadeira orquestra de percursão. Eu e o Paulo sem que tivésse-mos combinado nada começá-mos a fingir dançar uma espécie de "kuduro" ao som daquele ritmo, mais uma vez foi gargalhada geral, o pessoal que chegava naquele momento á praia e que reparáva-mos agora, estarem completamente fixos nas nossas figurinhas de bandoleiros de circo e no espetáculo que nós ali tinha-mos improvisado, riam-se também connosco e alguns tiraram-nos fotografias, só faltou irmos de seguida com um capaçete na mão pedir umas moedinhas.
Já a rolar estrada fora e passado um bom bocado eu e o Paulo ainda nos ria-mos do episódio do "kuduro".

04 fevereiro, 2010

Faro - San remo - Faro...................continuação 12


A fome ia já apertando, por isso decidimos que antes de qualquer outra coisa ia-mos procurar um sítio para jantar. A ideia de um arroz á valenciana já vinha de trás, por isso, pará-mos assim que vi-mos um restaurante com esplanada a anunciar o prato a um preço razoável. Estaciona-mos as máquinas mesmo em frente de modo a ficarem ao alcance das nossa vistas, havia espaço para isso, e assim não havia necessidade de descarregar nada, só tinha-mos que dar uma olhadela de vez em quando, não fossem os amigos do alheio lembrarem-se que alguma das nossas coisas lhes dé-se jeito.
O arroz estava divinal e o branco fresco “La Rioja” que o acompanhou não se deixou ficar para trás, apenas o cafézinho é que não estava aquela coisa a que nós como bons portugueses que somos, estamos habituados, até a miúda que nos serviu era bonita e simpática, o Paulo já queria que ela viesse conosco, ela ria-se com um ar envergonhado ao mesmo tempo que lhe respondia que não podia, e das razões que a impossibilitavam, eu observava a cena e ria-me também com as “tangas” que o Paulo dava á valenciana Pilar, de seu nome. De facto, lata não lhe faltava.
As vespas até agora continuavam sem grandes problemas, não falando dos travões do Paulo nem do meu cabo de embraiagem, o ultimo que lhe montara continuava sem dar mostras de querer ceder apesar de tudo.
Ficou decidido durante o jantar, aproveitando o facto de estar uma noite cálida que mais parecia verão, que nesta, ia-mos dormir na praia. Os sacos-cama que trazia-mos iam finalmente ter uso, e além disso, podia-mos também poupar algum dinheiro para o resto. Despedimo-nos da Pilar com o coração aos saltinhos, não sei se por culpa dela ou do “La Rioja”, desejou-nos sorte para o que nos faltava da viagem, e, ou foi da minha vista ou eu vi mesmo uma lagriminha a escorrer-lhe pela face quando acenou.
Arrancámos para estrada já eram dez da noite. As vespas pegaram ambas bem com uma quicada, olhámos um para o outro e rimo-nos com ar confiante, o trabalhar redondinho e sem oscilações de rotação mantinha-se inalterado em ambas as vespas, e assim, arrancámos dali de estômago e coração cheios, á procura da primeira praia onde parar para prenoitar.
Logo á saída de Valência reparámos numa indicação para a direita, “Playa de la Patacona”, o Paulo que ia á frente na altura divergiu para lá e eu fui a trás. O nome desta praia tinha algo de similar com o de uma terra próxima á nossa Faro que se chama Patacão, até costuma-mos brincar com o nome que se dá ás meninas originárias dessa localidade.
Chegá-mos a um sitio amplo e arenoso na orla da praia, não via-mos mas ouvia-mos o marulhar das ondas na areia, fizemos sinal de ok um ao outro e ali abancámos. Devia-mos estar a uns 50metros se tanto da água, e o céu, que estava completamente limpo de nuvens, mostrava-nos agora a grandeza infinita do universo através dos milhares, talvez milhões de pequenos pontos de luz a que chama-mos estrelas. Aconchegados nos sacos-cama com as vespas por trás a proteger-nos do vento e a garrafa do medronho entre nós, filosofá-mos sobre imensas coisas durante quase uma hora, o dia seguinte, as avarias, a Pilar e o universo. Adormeci a olhar o céu e depois de ter exclamado qualquer coisa a respeito da imensa sensação de liberdade que estava a sentir naquele momento.

22 janeiro, 2010

Faro - San Remo - Faro...............continuação 11


Viajar de Vespa trás algumas grandes vantagens. Durante a condução, pode-se olhar para as paisagens, sentir os cheiros da terra, ver o sorriso das pessoas os tipos de arquitetura, e muitas vezes fazer introspecção. O pensamento voa como o vento e vai reflectindo tudo o que de novo vamos encontrando á nossa frente. Isto por uma razão muito simples, a de que não podemos falar com ninguém a não ser com nós próprios. Lembro que nesta altura, e confesso, ainda hoje, não uso "Intercom's" para falar com quem vai comigo de mota, embora reconheça que há ocasiões em que dão imenso jeito.

A minha Vespa começou a ficar com o punho do acelerador preso, deixou de rodar no sentido de baixar a rotação e simplesmente ficava onde eu o largava. Começou a funcionar assim como que um "overdrive". Eu tirava as mãos do volante e a Vespa mantinha uma rotação e velocidade constante (no plano e em recta). Gostei da nova situação e mantive o punho seco, sem o lubrificar até ao final da viagem. Tinha agora a nova possibilidade de fazer com as duas mãos coisas que até então não podia sem ter que parar, como por exemplo tirar fotografias, abrir a portinha do "ballon" esquerdo para tirar comida ou bebida ou o que fosse, apertar e/ou desapertar o capaçete, tirar e acender cigarros (incrivel) , além de outras coisas que nem vos conto, deixo isso ao critério da vossa própria imaginação (não aconselho ninguém a fazer o que acabo de descrever por razões óbvias).

Esta região da costa, é para mim a mais bonita até agora. A praia por baixo da falésia está em estado quase selvagem e a estrada serpenteia-a junto á areia quase ao nivel do mar, em alguns sitios fura a rocha fazendo tùneis que do outro lado realçam o azul forte do mar. O Paulo faz-me sinal para parar, encostei á direita na berma e ele um pouco mais á frente, aproximei-me, pousei a Vespa no descanço e perguntei.
- O que se passa?
O Paulo com cara de preocupado.
- Estou a ficar sem travão de trás, carrego no pedal e a mota não trava quase nada, acho que as máxilas estão a ficar vidradas.
Agora era o Paulo que estava com um problema, nada para nos obrigar a parar, mas a obriga-lo a ele a uma condução muito mais preventiva, tendo em conta as novas condições. O travão da frente deste tipo de Vespa antiga também não ajuda muito, funciona como se de um "Cassilheiro" se tratásse quando se lhe tira motor, ai ele afunda a proa nas águas. Parar? Só lá mais á frente. Uma coisa era certa não iamos ficar ali estacados a tentar resolver o problema dado o adiantado da hora, tinhamos era que chegar a Valência e procurar hostal para dormir o mais rápido possivel, queria-mos chegar a Barcelona no dia seguinte e não havia tempo a perder, Aproveitá-mos para bater umas fotos ao sitio que era lindissimo e arrancá-mos.
Entrámos em Valência ao entardecer.

15 janeiro, 2010

Faro - San Remo - Faro...............continuação 10


Nove da manhã e eu já estava cá em baixo de pequeno -almoço tomado a substituir o cabo da embraiagem uma vez mais enquanto o Paulo acabava de arrumar as suas coisas e pagava o Hostal . Deixei a parte final do trabalho para ele que já estava a ficar habituado á operação de encaixe do cabeçote na manéte.
Tinha-mos até agora tido sorte com a metereologia, nada de chuva, apenas um pouco de frio durante as manhãs, o São Pedro estava até agora a poupar-nos de molhas, e ainda bem. Mais uma vez o sol para alegrar a nossa “treep”.
O Paulo apareceu finalmente e acabou o trabalho que eu já tinha começado, quando de repente me chamou a atenção para o facto de ao contrário das outras bichas ( acelerador e travão da frente) a da embraiagem não ter terminal nenhum, coisa que até agora eu ainda não me tinha apercebido. Estava explicada a quebra prematura dos cabos de embraiagem. Os terminais das bichas são uns cilindrozinhos em alumínio que encaixam no final das mesmas e fazem com que os cabos ao serem actuados não roçem nelas centrando-os precisamente no meio, era isso o que estava a acontecer com o meu cabo de embraiagem, roçava na bixa e acabava por partir, como não tinha nenhum terminal para pôr ali, montei-o ainda assim na mesma , com a certeza que este também não ia durar muito, tinha era que, assim que visse um concessionário ou mesmo uma oficina de motos, parar para comprar um.
Resolvida temporariamente que estava a avaria do meu insecto, arrancá-mos de Cartagena ainda não eram 10horas da manhã. Planeámos para este dia chegar a Valência, era portanto uma etapa curta, cerca de 230km aproximadamente, pelo caminho iam ficar Múrcia e Benidorm. Nesta última, tinha-a no meu imaginário através da série espanhola “El verano azul” que me fez durante os meus tempos de miúdo, sonhar com aquele lugar de férias e aventuras de crianças e com o qual me identificava plenamente. Ainda hoje me lembro do Piranha e dos outros miúdos, a magicar as próximas tropelias, bons tempos.
Mais um abastecimento de combustível e mais uma paragem num super-mercado para comprar mantimentos para o dia, de resto, a viagem correu normalmente. Nesse dia a paragem para o almoço foi mais prolongada que o costume, o sitio em que ficámos também convidava a ficar um pouco mais, não só pela beleza, mas mais pelo abandono a que estava sujeito aquele lugar á beira-mar plantado, apesar da paisagem arrebatadora. Parecia que tinha por ali passado uma guerra, havia um edifício do inicio do século em ruínas que me pareceu ter sido a sede de uma qualquer armação de pesca agora desactivada, o telhado já não existia e á volta da casa erguiam-se velhas palmeiras como se de guardiões expectaculares do sitio se tratassem. Pela primeira vez cumprimentei o Mediterrâneo com um mergulho em cuecas a seguir ao almoço, soube-me tão bem. O Paulo também molhou os pés e aproveitou para lavar a faca e as restantes ferramentas daquela refeição no grande mar, de seguida dormimos uma “ciesta” á boa maneira dos “nuestros hermanos” que nos repôs novas energias e descanso para o que faltava até Valência.