22 janeiro, 2010

Faro - San Remo - Faro...............continuação 11


Viajar de Vespa trás algumas grandes vantagens. Durante a condução, pode-se olhar para as paisagens, sentir os cheiros da terra, ver o sorriso das pessoas os tipos de arquitetura, e muitas vezes fazer introspecção. O pensamento voa como o vento e vai reflectindo tudo o que de novo vamos encontrando á nossa frente. Isto por uma razão muito simples, a de que não podemos falar com ninguém a não ser com nós próprios. Lembro que nesta altura, e confesso, ainda hoje, não uso "Intercom's" para falar com quem vai comigo de mota, embora reconheça que há ocasiões em que dão imenso jeito.

A minha Vespa começou a ficar com o punho do acelerador preso, deixou de rodar no sentido de baixar a rotação e simplesmente ficava onde eu o largava. Começou a funcionar assim como que um "overdrive". Eu tirava as mãos do volante e a Vespa mantinha uma rotação e velocidade constante (no plano e em recta). Gostei da nova situação e mantive o punho seco, sem o lubrificar até ao final da viagem. Tinha agora a nova possibilidade de fazer com as duas mãos coisas que até então não podia sem ter que parar, como por exemplo tirar fotografias, abrir a portinha do "ballon" esquerdo para tirar comida ou bebida ou o que fosse, apertar e/ou desapertar o capaçete, tirar e acender cigarros (incrivel) , além de outras coisas que nem vos conto, deixo isso ao critério da vossa própria imaginação (não aconselho ninguém a fazer o que acabo de descrever por razões óbvias).

Esta região da costa, é para mim a mais bonita até agora. A praia por baixo da falésia está em estado quase selvagem e a estrada serpenteia-a junto á areia quase ao nivel do mar, em alguns sitios fura a rocha fazendo tùneis que do outro lado realçam o azul forte do mar. O Paulo faz-me sinal para parar, encostei á direita na berma e ele um pouco mais á frente, aproximei-me, pousei a Vespa no descanço e perguntei.
- O que se passa?
O Paulo com cara de preocupado.
- Estou a ficar sem travão de trás, carrego no pedal e a mota não trava quase nada, acho que as máxilas estão a ficar vidradas.
Agora era o Paulo que estava com um problema, nada para nos obrigar a parar, mas a obriga-lo a ele a uma condução muito mais preventiva, tendo em conta as novas condições. O travão da frente deste tipo de Vespa antiga também não ajuda muito, funciona como se de um "Cassilheiro" se tratásse quando se lhe tira motor, ai ele afunda a proa nas águas. Parar? Só lá mais á frente. Uma coisa era certa não iamos ficar ali estacados a tentar resolver o problema dado o adiantado da hora, tinhamos era que chegar a Valência e procurar hostal para dormir o mais rápido possivel, queria-mos chegar a Barcelona no dia seguinte e não havia tempo a perder, Aproveitá-mos para bater umas fotos ao sitio que era lindissimo e arrancá-mos.
Entrámos em Valência ao entardecer.

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