15 janeiro, 2010

Faro - San Remo - Faro...............continuação 10


Nove da manhã e eu já estava cá em baixo de pequeno -almoço tomado a substituir o cabo da embraiagem uma vez mais enquanto o Paulo acabava de arrumar as suas coisas e pagava o Hostal . Deixei a parte final do trabalho para ele que já estava a ficar habituado á operação de encaixe do cabeçote na manéte.
Tinha-mos até agora tido sorte com a metereologia, nada de chuva, apenas um pouco de frio durante as manhãs, o São Pedro estava até agora a poupar-nos de molhas, e ainda bem. Mais uma vez o sol para alegrar a nossa “treep”.
O Paulo apareceu finalmente e acabou o trabalho que eu já tinha começado, quando de repente me chamou a atenção para o facto de ao contrário das outras bichas ( acelerador e travão da frente) a da embraiagem não ter terminal nenhum, coisa que até agora eu ainda não me tinha apercebido. Estava explicada a quebra prematura dos cabos de embraiagem. Os terminais das bichas são uns cilindrozinhos em alumínio que encaixam no final das mesmas e fazem com que os cabos ao serem actuados não roçem nelas centrando-os precisamente no meio, era isso o que estava a acontecer com o meu cabo de embraiagem, roçava na bixa e acabava por partir, como não tinha nenhum terminal para pôr ali, montei-o ainda assim na mesma , com a certeza que este também não ia durar muito, tinha era que, assim que visse um concessionário ou mesmo uma oficina de motos, parar para comprar um.
Resolvida temporariamente que estava a avaria do meu insecto, arrancá-mos de Cartagena ainda não eram 10horas da manhã. Planeámos para este dia chegar a Valência, era portanto uma etapa curta, cerca de 230km aproximadamente, pelo caminho iam ficar Múrcia e Benidorm. Nesta última, tinha-a no meu imaginário através da série espanhola “El verano azul” que me fez durante os meus tempos de miúdo, sonhar com aquele lugar de férias e aventuras de crianças e com o qual me identificava plenamente. Ainda hoje me lembro do Piranha e dos outros miúdos, a magicar as próximas tropelias, bons tempos.
Mais um abastecimento de combustível e mais uma paragem num super-mercado para comprar mantimentos para o dia, de resto, a viagem correu normalmente. Nesse dia a paragem para o almoço foi mais prolongada que o costume, o sitio em que ficámos também convidava a ficar um pouco mais, não só pela beleza, mas mais pelo abandono a que estava sujeito aquele lugar á beira-mar plantado, apesar da paisagem arrebatadora. Parecia que tinha por ali passado uma guerra, havia um edifício do inicio do século em ruínas que me pareceu ter sido a sede de uma qualquer armação de pesca agora desactivada, o telhado já não existia e á volta da casa erguiam-se velhas palmeiras como se de guardiões expectaculares do sitio se tratassem. Pela primeira vez cumprimentei o Mediterrâneo com um mergulho em cuecas a seguir ao almoço, soube-me tão bem. O Paulo também molhou os pés e aproveitou para lavar a faca e as restantes ferramentas daquela refeição no grande mar, de seguida dormimos uma “ciesta” á boa maneira dos “nuestros hermanos” que nos repôs novas energias e descanso para o que faltava até Valência.

3 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado oh meu! Por te lembrares do PIRANHA!!!!

Jbras ws disse...

Como é que te consegues lembrar destes pormenores todos ,esta viajem já foi a algum tempo ..

francis fig tree disse...

Júlio, há situações que se passam nas nossas vidas que não esquecemos nunca mais, esta viagem foi para mim uma delas, é claro que o registo fotográfico também ajuda bastante. O desenrolar de toda a viagem aparece-me na memória á medida que avanço no mapa segundo o trajecto que então percorremos.
Espero que os amigos que partilharam comigo estes dias tão enriquecedores, e que sei acompanham o blog, me corrijam ou relembrem caso falhe ou dê menor relevo a algum facto.
Um abraço.
F.F.