11 março, 2009

Faro - San Remo - Faro...............continuação-4


De Faro a Sevilha são uns 200kms aproximadamente, e até ali tinhamos completado os primeiros 50kms da nossa odisseia, estávamos na fronteira com "nuestros hermanos". Ai, o rio Guadiana corre lento para a foz em Vila Real de Santo António levando consigo pequenos veleiros de turistas que o sobem e descem até á antiquissima e montante cidade de Mértola, onde é ainda possivel de ser navegado.
Partimos dali em direção a Ayamonte a fim de abastecer as vespas de combustivel e seguir a velha estrada n-431 que corta a planicie andaluza até á sua capital, a bela e castiça Sevilha.
Os abastecimentos de combustivel tornaram-se num ritual. Abrir o depósito da vespa, atestá-lo de gasolina, verificar a quantidade abastecida a fim de misturar o respéctivo óleo para motores a dois tempos. Para isso usavamos o nosso útil copinho graduado da Piaggio que enchiamos sempre com um pouco de óleo a mais do que estava marcado na tabela, assim evitavamos possiveis agarranços do motor apenas com o inconveniente de este se tornar um pouco mais fumarento. Do mal o menos.
As povoações iam aos poucos ficando para trás. Primeiro Lepe onde as plantações de morangueiros se extendendem a perder de vista e os vendedores vêm para a beira da estrada com montes de caixas dos vermelhos e carnudos frutos, depois Cartaya, Gibraleon......Huelva.
Em cada paragem que faziamos para descansar, abastecer ou fumar um cigarro, as pessoas olhavam-nos primeiro com curiosidade depois incrédulas, tentando imaginar de onde e para onde iriamos nós com aquelas velhissimas vespas. Algumas riam-se não acreditavam e pensavam que estavamos na brincadeira, outras davam-nos a maior força, tiravam-nos fotografias para a posteridade e desejavam-nos sorte para tamanha aventura ao que agradeciamos.
La Palma del Condado, Sanlúcar e finalmente Sevilha. Decidimos não parar em Sevilha, o transito é intenso de carros e motos as quais grande percentagem são vespas, vespinos e muitas outras scooters com todo o tipo de pessoas, desde o executivo engravatado até á mãe que leva o filho á escola. Passámos as avenidas sevilhanas largas e paralelas ao rio Guadalquivir com a altaneira torre d'el oro, a plaza de toros e o estádio do Betis. Seguimos em direção a sul através da estrada n-IV que se dirige para Cádiz e em "Dos Hermanas" voltamos á esquerda com a finalidade de cortarmos caminho através das A-374/375 até á turistica Marbella passando pela histórica cidade da época romana de "Ronda".
Eram já umas duas da tarde quando a barriga começou a dar horas, fiz sinal disso ao Paulo que percebendo imediatamente concordou, e assim, parámos no primeiro sítio possivel que nos apareceu, uma ceara de girassois. Ali mesmo montámos o estaminé. O Paulo sacou de uma lata de atum, de uma cebola que migou com a ajuda do imprescindivel canivete suiço, e, juntamente com o azeite que levei da produção do meu pai, uns pedaços de pão, azeitonas e umas "san miguel" que tinhamos comprado no último abastecimento, assim confessionou um petisco digno dos deuses. Tudo isto com vista para uma mancha colorida e gigantesca de girassóis que não sei porque razão me puxou á ideia a inspiração do pintor holandês Van Ghog e uma das suas mais emblemáticas obras, tudo isto de baixo de um céu azul forte a perder de vista com as nossas vespas em fundo.
- Se o pintor visse isto acho que refazia o quadro e incluia agora também as vespas.
Disse eu para o Paulo, e rimos-nos quase até fartar.
Nutridos, saciados e fumados seguimos viagem rumo a sul.
Em Ronda recorda-me o contraste da bem preservada ponte romana com o nauseabundo "rio" ou seria esgoto que por debaixo passava, dos turistas que para matar a curiosidade da belissima paisagem que dali se aprecia, apertavam com a mão o nariz tentando inutilmente assim evitar o mais que evidente mau cheiro.
A estrada até Marbella é o que mais se aproxima de um sonho para qualquer motociclista ou vespista que se preze, larga, com um alcatrão liso mas abrasivo que nos inspira segurança, bem equipada de sinais de trânsito assim como das faixas delimitadoras pintadas no chão, e sobretudo com curvas que passado pouco tempo nos obrigam mais a pilotar curvando com os aventais a poucos milimetros de roçar o chão, do que a conduzir, ao mesmo tempo que se usufrui de uma paisagem de montanha que quase nos corta a respiração.






to be continued....................................

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